sábado, 18 de abril de 2009

Adeus...

"Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus."

Eugénio de Andrade

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Um sopro de Shakespeare!

" Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entra Amor e Amizade,
ele respondeu-me:
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor dá-nos asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira
e em troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida companheira.
Mas quando o Amor é sincero
vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos os sentimentos coexistem
dentro de um coração!"

Então aqui vai...


... a minha primeira entrada no blog! Vou começar por uma fotografia!
Esta é daquelas imagens que vale mais do que mil palavras!
Apesar da minha eterna fobia por alturas, rendo-me às evidências... sensações como estas existem poucas.